Startup brasileira que ensina inglês pelo Whatsapp é avaliada em R$ 100 milhões e mira expansão global
BeConfident chegou a 80 mil alunos pagantes e estima que 60% das assinaturas virão do exterior ainda em 2025. Empresa agora também tem aplicativo próprio
Criada por amigos que compartilhavam a dificuldade para aprender inglês, a BeConfident atacou uma dor real para muitos brasileiros: a plataforma para a prática do idioma saltou de 17 mil alunos pagantes, em setembro de 2024, para 80 mil em julho de 2025. Em rodada realizada no início do ano, a startup foi avaliada em R$ 100 milhões. “Somos brasileiros querendo fazer acontecer e ser maior que o Duolingo. Nosso grande sonho é ser uma empresa global”, afirma Robson Amorim, CEO e cofundador da BeConfident.
Com faturamento de R$ 40 milhões nos últimos 12 meses e projeção de encerrar o ano faturando R$ 60 milhões, a BeConfident declara ser uma startup lucrativa desde o início das operações, em 2023. Mesmo sem a necessidade de capital externo para crescer, levantou uma rodada em janeiro deste ano, com o objetivo de trazer nomes relevantes do Vale do Silício para o cap table.
O investimento – de valor não revelado – foi liderado por Matthew Brezina (Ford Street Ventures), investidor de Dropbox, Mercury e Ring, e contou com a participação dos fundos Entrypoint, Grão e Sun Mority, e dos empreendedores Ricardo Oliveira (ThousandEyes) e Michael Stoppelman (ex-Yelp). Avaliada em R$ 100 milhões, a startup teve menos de 7% de diluição na rodada.
“Já havíamos feito vendas para fora do Brasil, mas queríamos trazer pessoas com expertise global para perto. Logo depois da rodada, iniciamos nossa expansão internacional e hoje já estamos crescendo de maneira agressiva nos Estados Unidos, Espanha, Portugal e Colômbia. Até o final do ano, pelo menos 60% de todas as assinaturas devem vir de fora do Brasil”, aponta.
Segundo o CEO, o capital dessa rodada e da anterior – R$ 2,5 milhões captados com Latitud e investidores-anjo no início de 2024 – não foram usados e permanecem no caixa da BeConfident. Neste ano, a startup também recebeu um aporte de US$ 150 mil, livre de equity, do Google, além de milhões de reais em créditos para uso das ferramentas de nuvem da big tech.
Após o crescimento inicial com a operação pelo WhatsApp, a BeConfident lançou oficialmente um aplicativo onde é possível treinar inglês com avatares de inteligência artificial – as plataformas operam de forma complementar. A tecnologia oferece correções em tempo real e permite que o usuário acompanhe a sua evolução. É possível conversar sobre assuntos diversos por texto, áudio e vídeo, selecionando a velocidade da fala e o sotaque do personagem.
A BeConfident funciona no formato de teste grátis por um período de uma semana, com assinatura de R$ 39,90 mensais para conversas ilimitadas. “Os grandes modelos de linguagem (LLM) ainda são muito caros. 10 minutos de conversação em tempo real custam R$ 4 para nós atualmente. A nossa ideia é que, conforme fiquem mais baratas, possamos disponibilizar mais funcionalidades de forma gratuita por mais tempo. Em quatro anos, poderemos oferecer o app de graça porque teremos outras formas de monetizar”, afirma.
Com 80 mil usuários pagantes em julho – e projeção de encerrar o terceiro trimestre com 100 mil assinantes –, a startup tem mais de 1 milhão de pessoas utilizando a plataforma de forma gratuita. O CEO diz que a taxa de conversão varia entre 7% e 9%. Focada na expansão internacional, a BeConfident construiu um time de cerca de 20 pessoas, com profissionais de engenharia, comunidade e suporte, para escalar as operações fora do Brasil.
“Hoje temos pessoas da Argentina, Peru, Chile e Estados Unidos. Reforçamos a visão global porque ter alguém do país ajuda a validar a estratégia de entrada no mercado, o discurso e a linguagem para atrair usuários locais”, diz. 45% das vendas internacionais vêm dos EUA, onde a plataforma é usada por brasileiros e outros latinos.
Ainda neste ano, a BeConfident deve concluir a sua rodada Série A – conversas com investidores do Vale do Silício já iniciaram. A startup também pretende atrair grandes atletas brasileiros para o time, no formato de media for equity. “Nossa missão de vida é ser a ferramenta que vai dar asas para as pessoas que vão construir a história do Brasil”, almeja o CEO, que diz ter o desejo de patrocinar a ginasta Rebeca Andrade e o piloto de Fórmula 1 Gabriel Bortoleto.